quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Jóia de família

Agustina Bessa-Luís volta ao Porto e ao Douro neste novo romance, "Jóia de Família", "uma história sobre a intromissão da delinquência na vida burguesa". (ABL ao JL, 26/6/01)

Rute Clara decide dar à luz o seu terceiro filho na Quinta do Salto, propriedade do tio Albergaria, sabedora de uma cláusula do testamento deste, segundo a qual todos os seus bens se destinariam ao sobrinho que nascesse na casa de família. Mas a criança nasce morta, ou morre ao nascer, e Celsa Adelaide, criada dedicada que assistiu ao parto, decide trocá-la de imediato, e antes que a senhora Rute dê por isso, pelo seu filho que nascera dias antes. Deste modo pouparia a senhora de um grande desgosto e daria ao seu filho uma vida que ele nunca poderia ter. A criança veio a chamar-se António Clara e puseram-lhe a alcunha de Cravo Roxo.

Cravo Roxo tornou-se amigo de Touro Azul, o segundo filho de Celsa, que vivia de expedientes, era correio de droga e frequentava casas de alterne. Cobiçado pelas mulheres, tinha uma relação muito próxima com Vanessa, proprietária de uma dessas casas, e por quem entretanto Cravo Roxo se apaixona,depois de casado com Camila, filha de vinhateiros falidos. Jóia de família é Camila que é a última oportunidade da sua família para fazer "um bom casamento" e sair da ruína.

Um olhar sobre os nossos dias e a nossa civilização, no inconfundível estilo de Agustina, uma sociedade invadida pela delinquência, o crime (há mesmo um incêndio da casa de alterne, certamente inspirado no caso do Mea Culpa, em Amarante), a corrupção, que vieram sustentar o espírito de lucro fácil e dos gastos que os hábitos de consumo criaram.

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