domingo, 27 de abril de 2008

Na casa de Julho e Agosto

Andava a esfregar a imensidão do chão da sala que, ao mesmo tempo é enfermaria e capela,...pus-me a tentar decrifar para onde deveria ir.Sentia sempre algumas ruas simétricas de futura estrutura pombalina e compreendi que era por Lisboa que eu devia trocar Antuérpia...habitar a cidade de Lisboa numa pequena casa humilde a Ocidente da Porta de Santa Catarina...a Olissipo onde havia, afinal nomes extraordinários para as minhas gatas - Boa-Hora,Graça, Madragoa...



in:Na casa de Julho e Agosto
Maria Gabriela Llansol
Relógio d'Água

french and saunders baywatch pt1

Uma das séries inglesas mais divertidas se sempre.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

25 de Abril


25 de Abril

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo


Sophia de Mello Breyner Andresen

domingo, 20 de abril de 2008

Poesia de João Miguel Fernandes Jorge


A abstracção não precisa de mãe nem pai
nem tão pouco de tão tolo infante

mas o natal de minha mãe é ainda o meu natal
com restos de Beira Alta

ano após ano via surgir figura nova nesse
presépio de vaca burro banda de música

ribeiro com patos farrapos de algodão muito
musgo percorrido por ovelhas e pastores

multidão de gente judaizante estremenha pela
mão de meu pai descendo de montes contando

moedas azenhas movendo água levada pela estrela
de Belém

um galo bate as asas um frade está de acordo
com a nossa circuncisão galinhas debicam milho

de mistura com um porco a que minha avó juntava
sempre um gato para dar sorte era preto

assim íamos todos naquela figuração animada
até ao dia de Reis aí estão

um de joelhos outro em pé
e o rei preto vinha sentado no

camelo. Era o mais bonito.
depois eram filhoses o acordar de prenda no

sapato tudo tão real como o abrir das lojas no dia
de feira

e eu ia ao Sanguinhal visitar a minha prima que
tinha um cavalo debaixo do quarto

subindo de vales descendo de montes
acompanhando a banda do carvalhal com ferrinhos

e roucas trompas o meu Natal é ainda o Natal de
minha mãe com uns restos de canela e Beira Alta.


João Miguel Fernandes Jorge, Actus Tragicus
Lisboa, Editorial Presença, 1979
.

sábado, 19 de abril de 2008

A leitaria de Maria Antonieta


O castelo de Rambouillet foi comprado em 1784 por Luís XVI,ao seu primo o duque de Penthiève,pois o rei adorava a caça e este local era ideal para o seu passatempo favorito. Para poder ter consigo a sua mulher em Rambouillet, o rei manda então construir, para agradar a Maria Antonieta uma quinta modelo e uma leitaria. Encarrega Jacques-Jean Thévenin de planear e construir uma leitaria (espaço para degustações) no parque da propriedade.

A construção do edifício foi mantida em segredo e só foi mostrado à rainha em 1787, quando ficou pronto. O edifício abriga no seu interior uma gruta artificial, de composição naturalista onde corria uma fonte que serve de cenário a uma estátua realizada em 1789 pelo escultor Pierre Julien (1731 - 1804):




“La Nymphe Amalthée et la chèvre ”.
Conta a lenda que Amalthée alimentou Zeus no seu seio.









Este escultor irá conceber nove esculturas de uma pureza e elegância que são uma referência da arte neo-clássica.




O edifício de um gosto neo-clássico, rompe com a tradição arquitectónica do Petit Trianon. Três degraus levam ao peristilo da porta de entrada ladeada com duas colunas toscanas encimada por um frontão redondo decorado com um medalhão em mármore, que representa uma vaca aleitando o seu bezerro. Este “gosto pelo campo” próprio da segunda metade do séc. XVIII, está associado ao ideal de retorno à natureza.




A primeira sala redonda coroada de uma cúpula de caixotões e rosáceas, rodeada por uma consola de mármore de Carrara.Ladeando a porta que dá acesso à gruta, existem dois nichos de parede onde se colocavam vasos (desconhece-se o seu paradeiro),com asas adornadas com cabeças de cabras, onde era guardado o leite fresco. Esta divisão servia também para degustar produtos lácteos.











A loiça de Sèvres, tijelas, potes, bacias, canecas e as famosas taças-seios, eram utilizados nas degustações, a par de um mobiliário feito de propósito para aquele local, em estilo etrusco, por Georges Jacob. Todos estes objectos desapareceram durante a francesa.






Na verdade Maria Antonieta pouco utilizará esta leitaria; a sua última passagem foi durante uma caçada em 1788. Ela considerava Rambouillet um "chiqueiro", e nem a construção do belo edifício a fez mudar de ideias..
Oficialmente Luis XVI será o proprietário de Rambouillet até 1791.
Napoleão redecora e transforma a leitaria, instalando uma grande mesa de mármore branco, ornamentada no seu centro com os seus símbolos imperiais. A Restauração substituirá esses símbolos imperiais por estrelas, que rodeam um círculo vermelho.






Na segunda divisão onde se encontra a gruta artificial e a estátua da ninfa e da cabra, estiveram na época dois grandes baixos relevos que ornamentavam as paredes laterais, sob o tema “Júpiter criança com os Coribantes" e "Apolo pastor guardando o rebanho de Admete":



Imagem de como seria a sala com os baixos relevos que foram retirados


Os baixos-relevos em mármore que adornavam a leitaria, desapareceram no século XIX. Considerados obras-primas do escultor Pierre Julien, estiveram desaparecidos entre 1819 e 2001.Quatro medalhões ornamentavam a primeira sala redonda, “La traite de la vache”,”Au barattage du lait”, “La tonte des moutons”e "La distribuiton du sel”,sobre a porta que dá para a divisão da gruta, um medalhão de 114cm, com o tema “Uma mãe aleitando o seu filho”.








Au Barratage du lait





L'enfant Jupiter chez les Corybantes




Os herdeiros do antiquário Daniel Wildenstein, descobriram-nos nos depósitos do seu pai, aquando da sua morte e optaram por uma doação. Actualmente estão nas reservas do museu do Louvre, sem que se tenha ainda decidido,se voltam a Rambouillet ou se permanecem no museu. Tal já tinha acontecido com “La Nymphe Amalthée et la chèvre ” que ficou 124 anos no Louvre antes de voltar ao seu local de origem - a gruta da Leitaria da Rainha.

domingo, 13 de abril de 2008

Abissologia - Coordoaria Nacional

Para uma Ciência Transitória do Indiscernível de João Maria Gusmão e Pedro Paiva.Uma exposição composta por obras criadas em diferentes suportes como flimes de 16mm, esculturas, instalações e fotografias. Na coordoaria macional.
























quarta-feira, 9 de abril de 2008

Museu Nacional de Bellas Artes - Buenos Aires






Com uma importante colecção permanente de arte do século XIX e XX.



Alguns exemplos do que por este museu se pode admirar.





Frans Pourbus II, (O jovem), Princesa Margarida Gonzaga, séc.XVI

óleo, 96x72cm


Diego Rodríguez de Silva y VELÁZQUEZ, Infanta Margarida de Áustria, séc.XVII, óleo


Jan Anthonisz van RAVESTEY,Portrait d'hommme a la collerette, 1631
óleo,64,7 x 58cm






Pieter Paul RUBENS, Sagrada Família, 1630, óleo 36,5 x 31,8cm





Van der LANEN, JasperDiana y Ninfas de cacería o Diana y sus Ninfas de caza, século XVII
óleo,83 cm x 118 cm


Nicolás de LARGILLIÈRE,retrato da Senhora Largillière e do seu filho Nicolás, c.1712óleo, 89x116cm




Giovanni Battista TIEPOLO,Sacrifício de Melquisedec, óleo 91x67cm
Os hebreus recolhendo o maná do deserto (esboço), óleo,91x67cm

Francesco GUARDI, Gran canal e San Simeone Piccolo, séc XVIII, óleo, 41,5 x 55cm

Henry RAEBURN,O amo Cathart e o seu cão, séc.XVIII, óleo, 178 x 126










terça-feira, 8 de abril de 2008

O gosto "à grega"






O gosto “à Grega” Nascimento do Neoclassicismo em França, 1750-1775

Exposição na Fundação Calouste Gulbenkian
De 14/02/2008 a 04/05/2008 na Galeria de Exposições Temporárias

Em França, no período representado na exposição, todos os ramos da arte revelaram o predomínio do gosto "à la grecque". As obras expostas – esculturas, pinturas, porcelanas, peças de mobiliário e de ourivesaria – são um exemplo excelente desta nova gramática decorativa, cedidas maioritariamente pelo Museu do Louvre, a que se associam também peças provenientes do Património Nacional de Espanha e do próprio Museu Calouste Gulbenkian. Esta apresentação, anteriormente exposta no Palácio Real em Madrid, vem dar continuidade à exposição «Os Gregos Tesouros do Museu Benaki, Atenas».