sábado, 28 de novembro de 2009

As chamas e as almas

Agora, Olga simplificava o seu trem de vida.Saía pouco de casa e tinha móveis de mogno não muito brilhantes.Mas ainda usava roupa interior de crepe com violetas bordadas, e meias como só alguns velhos sensuais oferecem às amigas e que só é possível encontrar no Faubourg St. Honoré, como uma excentricidade ou como uma relíquia.
A Dona contentava-se agora com o seu chá adoçado com açúcar mascavado e em privar, com uma solenidade facciosa, com as suas vizinhas.Decerto as suas primas e segundas primas, nata duma sociedade benemérita e musical, haviam de envergonhar-se da facilidade com que Olga ouvia aquele mulherio ignorante e sem maneiras."
in: Agustina Bessa Luís, As Chamas e as Almas,Lisboa, Guimarães Editores

3 comentários:

josé neves disse...

mulherio ignorante e sem maneiras, olé, andasse a tia pelas ruas de Lisboa e de metro, e dedicaria todo um livro às barbáries das novas barrascas.

Paulo disse...

Ah, ah, ah.

Miguel Jorge disse...

Que comentário tão ordinário!