segunda-feira, 30 de março de 2009
domingo, 29 de março de 2009
Jan Brueghel
Still-Life with Garland of Flowers and Golden Tazza (1618, 48x53cm) _ Jan Brueghel the Elder, the youngest son of Pieter Bruegel
sábado, 28 de março de 2009
quarta-feira, 25 de março de 2009
Os desastres de Sofia
Em 1931 Vieira da Silva oferece a Violante Canto da Maya (então com oito anos) o livro da Condessa de Ségur Les malheurs de Sophie (Os desastres de Sofia) substituindo as ilustrações de A. Pécoud por imagens por si criadas, recortadas e coladas na edição original, retomando o hábito que tinha em criança de cobrir a aguarela as gravuras que ilustravam os livros.
Lembram-se deste livro?A história da abelha que Sofia corta com o seu canivete de madrepérola...
terça-feira, 24 de março de 2009
Exposição «Arquivo Universal»
sábado, 21 de março de 2009
Acordar tarde
tocas as flores murchas que alguém te ofereceu
quando o rio parou de correr e a noite
foi tão luminosa quanto a mota que falhou
a curva - e o serviço postal não funcionou
no dia seguinte
procuras ávido aquilo que o mar não devorou
e passas a língua na cola dos selos lambidos
por assassinos - e a tua mão segurando a faca
cujo gume possui a fatalidade do sangue contaminado
dos amantes ocasionais - nada a fazer
irás sozinho vida dentro
os braços estendidos como se entrasses na água
o corpo num arco de pedra tenso simulando
a casa
onde me abrigo do mortal brilho do meio-dia
Al Berto, Horto de Incêndio
quando o rio parou de correr e a noite
foi tão luminosa quanto a mota que falhou
a curva - e o serviço postal não funcionou
no dia seguinte
procuras ávido aquilo que o mar não devorou
e passas a língua na cola dos selos lambidos
por assassinos - e a tua mão segurando a faca
cujo gume possui a fatalidade do sangue contaminado
dos amantes ocasionais - nada a fazer
irás sozinho vida dentro
os braços estendidos como se entrasses na água
o corpo num arco de pedra tenso simulando
a casa
onde me abrigo do mortal brilho do meio-dia
Al Berto, Horto de Incêndio
Não toques nos objectos imediatos
Não toques nos objectos imediatos.
A harmonia queima.
Por mais leve que seja um bule ou uma chavená,
são loucos todos os objectos.
Uma jarra com um crisântemo transparente
tem um tremor oculto.
É terrível no escuro.
Mesmo o seu nome, só a medo o podes dizer.
A boca fica em chaga.
Herberto Helder
A harmonia queima.
Por mais leve que seja um bule ou uma chavená,
são loucos todos os objectos.
Uma jarra com um crisântemo transparente
tem um tremor oculto.
É terrível no escuro.
Mesmo o seu nome, só a medo o podes dizer.
A boca fica em chaga.
Herberto Helder
O navio dos espelhos
O navio de espelhos
não navega cavalga
Seu mar é a floresta
que lhe serve de nível
Ao crepúsculo espelha
sol e lua nos flancos
Por isso o tempo gosta
de deitar-se com ele
Os armadores não amam
a sua rota clara
(Vista do movimento
dir-se-ia que pára)
Quando chega à cidade
nenhum cais o abriga
O seu porão traz nada
nada leva à partida
Vozes e ar pesado
é tudo o que transporta
(E no mastro espelhado
uma espécie de porta)
Seus dez mil capitães
têm o mesmo rosto
A mesma cinta escura
o mesmo grau e posto
Quando um se revolta
há dez mil insurrectos
(Como os olhos da mosca
reflectem os objectos)
E quando um deles ala
o corpo sobre os mastros
e escruta o mar do fundo
Toda a nave cavalga
(como no espaço os astros)
Do princípio do mundo
até ao fim do mundo
Mário Cesariny
não navega cavalga
Seu mar é a floresta
que lhe serve de nível
Ao crepúsculo espelha
sol e lua nos flancos
Por isso o tempo gosta
de deitar-se com ele
Os armadores não amam
a sua rota clara
(Vista do movimento
dir-se-ia que pára)
Quando chega à cidade
nenhum cais o abriga
O seu porão traz nada
nada leva à partida
Vozes e ar pesado
é tudo o que transporta
(E no mastro espelhado
uma espécie de porta)
Seus dez mil capitães
têm o mesmo rosto
A mesma cinta escura
o mesmo grau e posto
Quando um se revolta
há dez mil insurrectos
(Como os olhos da mosca
reflectem os objectos)
E quando um deles ala
o corpo sobre os mastros
e escruta o mar do fundo
Toda a nave cavalga
(como no espaço os astros)
Do princípio do mundo
até ao fim do mundo
Mário Cesariny
Portugal sacro-profano lugar onde
Neste país sem olhos e sem boca
hábito dos rios castanheiros costumados
país palavra húmida e translúcida
palavra tensa e densa com certa espessura
(pátria de palavra apenas tem a superfície)
os comboios mansos têm dorsos alvos
engolem povoados limpamente
tiram gente de aqui põem-na ali
retalham os campos congregam-se
dividem-se nas várias direcções
e os homens dão-lhes boas digestões:
corediros de metal ou talvez grilos
que mãe aperta ao peito os fihos ao ouvi-los?
Neste país do espaço raso do silêncio e solidão
solidão da vidraça solidão da chuva
país natal dos barcos e do mar
do preto como cor profissional
dos templos onde a devoção se multiplica em luzes
do natal que há no mar da póvoa de varzim
país do sino objecto inútil
única coisa a mais sobre estes dias
Aqui é que eu coisa feita de dias única razão
vou polindo o poema sensação de segurança
com saúde de um grito ao sol
combalido tirito imito a dor
de se poder estar só e haver casas
cuidados mastigados coisas sérias
o bafo sobre o aço como o vento na água
País poema homem
matéria para mais esquecimento
do fundo deste dia solitário e triste
após sucessivas quebras de calor
antes da morte pequenina celular e muito pessoal
natural como descer da camioneta ao fim da rua
neste país sem olhos e sem boca
Ruy Belo
hábito dos rios castanheiros costumados
país palavra húmida e translúcida
palavra tensa e densa com certa espessura
(pátria de palavra apenas tem a superfície)
os comboios mansos têm dorsos alvos
engolem povoados limpamente
tiram gente de aqui põem-na ali
retalham os campos congregam-se
dividem-se nas várias direcções
e os homens dão-lhes boas digestões:
corediros de metal ou talvez grilos
que mãe aperta ao peito os fihos ao ouvi-los?
Neste país do espaço raso do silêncio e solidão
solidão da vidraça solidão da chuva
país natal dos barcos e do mar
do preto como cor profissional
dos templos onde a devoção se multiplica em luzes
do natal que há no mar da póvoa de varzim
país do sino objecto inútil
única coisa a mais sobre estes dias
Aqui é que eu coisa feita de dias única razão
vou polindo o poema sensação de segurança
com saúde de um grito ao sol
combalido tirito imito a dor
de se poder estar só e haver casas
cuidados mastigados coisas sérias
o bafo sobre o aço como o vento na água
País poema homem
matéria para mais esquecimento
do fundo deste dia solitário e triste
após sucessivas quebras de calor
antes da morte pequenina celular e muito pessoal
natural como descer da camioneta ao fim da rua
neste país sem olhos e sem boca
Ruy Belo
vaguíssimo retrato
Levar-te à boca,
beber a água
mais funda do teu ser -
se a luz é tanta,
como se pode morrer?
Eugénio de Andrade, Obscuro Domínio
beber a água
mais funda do teu ser -
se a luz é tanta,
como se pode morrer?
Eugénio de Andrade, Obscuro Domínio
Canto da chávena de chá
Poisamos as mãos junto da chávena
sem saber que a porcelana e o osso
são formas próximas da mesma substância.
A minha mão e a chávena nacarada
– se eu temperar o lirismo com a ironia –
são, ainda, familiares dos pterossáurios.
A tranquila tarde enche as vidraças.
A água escorre da bica com ruído,
os melros espiam-me na latada seca.
É assim que muitas vezes o chá evoca:
a minha mão de pedra, tarde serena,
olhar dos melros, som leve da bica.
A Natureza copia esta pintura
do fim da tarde que para mim pintei,
retribui-me os poemas que eu lhe fiz
de novo dando-me os meus versos ao vivo.
Como se eu merecesse esta paisagem
a Natureza dá-me o que lhe dei.
No entanto algures, num poema, ouvi
rodarem as roldanas do cenário,
em que as palavras representavam
a cena da pintura da paisagem
num telão constantemente vário.
Só o chá me traz a minha tarde,
com a chávena e a minha mão que são
o mesmo pedaço de calcário.
Hoje a bica refresca a água do tanque,
os melros descem da latada para o chão,
e as vidraças devagar escurecem.
As palavras movem-se e repõem
no seu imóvel eixo de rotação
o espaço onde esta mesa de verga
gira nas grandes nebulosas.
Fiama Hasse Pais Brandão
in Cantos do canto
Relógio d'Água
sem saber que a porcelana e o osso
são formas próximas da mesma substância.
A minha mão e a chávena nacarada
– se eu temperar o lirismo com a ironia –
são, ainda, familiares dos pterossáurios.
A tranquila tarde enche as vidraças.
A água escorre da bica com ruído,
os melros espiam-me na latada seca.
É assim que muitas vezes o chá evoca:
a minha mão de pedra, tarde serena,
olhar dos melros, som leve da bica.
A Natureza copia esta pintura
do fim da tarde que para mim pintei,
retribui-me os poemas que eu lhe fiz
de novo dando-me os meus versos ao vivo.
Como se eu merecesse esta paisagem
a Natureza dá-me o que lhe dei.
No entanto algures, num poema, ouvi
rodarem as roldanas do cenário,
em que as palavras representavam
a cena da pintura da paisagem
num telão constantemente vário.
Só o chá me traz a minha tarde,
com a chávena e a minha mão que são
o mesmo pedaço de calcário.
Hoje a bica refresca a água do tanque,
os melros descem da latada para o chão,
e as vidraças devagar escurecem.
As palavras movem-se e repõem
no seu imóvel eixo de rotação
o espaço onde esta mesa de verga
gira nas grandes nebulosas.
Fiama Hasse Pais Brandão
in Cantos do canto
Relógio d'Água
Nesta última tarde em que respiro...
Nesta última tarde em que respiro
a justa luz que nasce das palavras
e no largo horizonte se dissipa quantos segredos únicos, precisos
e que altiva promessa fica ardendo
na ausência interminável do teu rosto.
Pois não posso dizer sequer que te amei nunca
senão em cada gesto e pensamento
de dentro destes vagos vãos poemas;
e já todos me ensinam em linguagem simples
que somos mera fábula, obscuramente
inventada na rima de um qualquer
cantor sem voz batendo no teclado;
desta falta de tempo, sorte, e jeito,
se faz noutro futuro o nosso encontro.
E como, em noite parda, esse escritor demente
descobre no papel as formas do seu fim,
sem desistir de ti, ainda que as águas cubram
de escamas a mansa pele,
ao meu delgado corpo de ar sonoro
ato em nova aliança o antigo canto.
António Franco Alexandre (1944)
Uma fábula - in poemário A/Alvim, 2004
a justa luz que nasce das palavras
e no largo horizonte se dissipa quantos segredos únicos, precisos
e que altiva promessa fica ardendo
na ausência interminável do teu rosto.
Pois não posso dizer sequer que te amei nunca
senão em cada gesto e pensamento
de dentro destes vagos vãos poemas;
e já todos me ensinam em linguagem simples
que somos mera fábula, obscuramente
inventada na rima de um qualquer
cantor sem voz batendo no teclado;
desta falta de tempo, sorte, e jeito,
se faz noutro futuro o nosso encontro.
E como, em noite parda, esse escritor demente
descobre no papel as formas do seu fim,
sem desistir de ti, ainda que as águas cubram
de escamas a mansa pele,
ao meu delgado corpo de ar sonoro
ato em nova aliança o antigo canto.
António Franco Alexandre (1944)
Uma fábula - in poemário A/Alvim, 2004
Navegações
Inversa navegação
Tédio já sem Tejo
Cinzento hostil dos quartos
Ruas desoladas
Verso a verso
Lisboa anti-pátria da vida
1978 Sophia de Mello Breyner Andresen
Tédio já sem Tejo
Cinzento hostil dos quartos
Ruas desoladas
Verso a verso
Lisboa anti-pátria da vida
1978 Sophia de Mello Breyner Andresen
sexta-feira, 20 de março de 2009
Miguel passa a outro e não ao mesmo
Fui ao blog do meu amigo Paulo e aceitei o desafio.
Procurei a página 161 e li até à quinta frase.
Ei-la:"Para a sua alma incomensuraravelmente sensível e susceptível, qualquer decisão rígida, qualquer projecto e qualquer anúncio representavam já de si uma sobrecarga."
Stefan Zweig - Assírio & Alvim
o desafio fica para o Avanti -Miguel
Procurei a página 161 e li até à quinta frase.
Ei-la:"Para a sua alma incomensuraravelmente sensível e susceptível, qualquer decisão rígida, qualquer projecto e qualquer anúncio representavam já de si uma sobrecarga."
Stefan Zweig - Assírio & Alvim
o desafio fica para o Avanti -Miguel
quinta-feira, 19 de março de 2009
Usual female attire in Portugal
An 1836 watercolour/gouache sketch album of peoples/costumes from various classes and areas of Portugal. Sometimes humorous caricatures, sometimes quaint stylised portraits
http://bibliodyssey.blogspot.com/2008/04/picturing-portuguese-people.html
Alessandro Dubini
quarta-feira, 18 de março de 2009
Rania Al Abdullah e a Maria Cavaco Silva
A srª Cavaco Silva não é tão alta, nem tão nova, nem tão bela como a rainha Rania Al Abdullah.Mas pergunto-me se mesmo não podendo competir com esta real visitante, porque razão continua a escolher "padrões camuflados" e meias cor de carne...Não se percebe. Não há ninguém que a avise?
Já agora Drª Silva, quando se ouve música, (como na escola Miguel Torga) não se abana a cabecinha como se estivesse num bailarico na aldeia.
quinta-feira, 12 de março de 2009
One such portrait, identified by a faded sticker as"Lady Norton, daughter of the Bishop of Winton," showsthe face of someone in her late teens with smoothskin, an eye-catching earring, long hair, rosy cheeksand a cherry of a mouth. The work of an anonymous painter, it served as a space filler at Newbridge,even after an art expert concluded 10 years ago that"Lady Norton" was in fact a young man. And it did not merit a place in a recent exhibition of the Cobbe collection.But now, after an intense two months of research, Mr.Cobbe says he believes he has found the earliest extant portrait of Henry Wriothesley, Third Earl ofSouthampton, Shakespeare's patron from the early1590's. Not only did Shakespeare dedicate his narrative poems "Venus and Adonis" and "The Rape of Lucrece" to Southampton, but he is also widely presumed to have made this young noble the "fairyouth" of his sonnets, perhaps even "themaster-mistress of my passion" of Sonnet 20.The debate over Shakespeare's sexuality is 150 years old and will hardly be resolved by this girlish-looking portrait of Southampton. But the identification of the subject of this painting,described by some British newspapers as "Southamptonin drag," has reawakened speculation over the possible bisexuality of Shakespeare, who left his wife, AnneHathaway, in Stratford-Upon-Avon when he moved toLondon...
segunda-feira, 9 de março de 2009
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