Mostrar mensagens com a etiqueta poesia. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta poesia. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Hugo von Hofmannsthal






The Gardener's Daughters
One fills the large Delft jugs,
Painted with blue dragons and birds,
With a loose sheaf of bright flowers:
Among them jasmine, ripe roses unfolding,
Dahlias, carnations and narcissus...
Tall daisies, lilac umbels and snowball
Dance above them,
and Stalks, silvery down and panicles sway...
A fragrant bacchanal...
The other with pale thin fingers picks
Long-stemmed rigid orchids,
Two or three for a narrow vase...
Rising up with fading colors,
With long styles, strange and winding,
With purple threads and garish dots,
With violet brown panther spots
And lurking, seductive chalices
Wanting to kill...

Die Töchter der Gärtnerin, 1891

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Ruy Belo

MORTE AO MEIO-DIA

No meu país não acontece nada
à terra vai-se pela estrada em frente
Novembro é quanta cor o céu consente
às casas com que o frio abre a praça

Dezembro vibra vidros brande as folhas
a brisa sopra e corre e varre o adro menos mal
que o mais zeloso varredor municipal
Mas que fazer de toda esta cor azul

que cobre os campos neste meu país do sul?
A gente é previdente cala-se e mais nada
A boca é pra comer e pra trazer fechada
o único caminho é direito ao sol

No meu país não acontece nada
o corpo curva ao peso de uma alma que não sente
Todos temos janela para o mar voltada
o fisco vela e a palavra era para toda a gente

E juntam-se na casa portuguesa
a saudade e o transístor sob o céu azul
A indústria prospera e fazem-se ao abrigo
da velha lei mental pastilhas de mentol

Morre-se a ocidente como o sol à tarde
Cai a sirene sob o sol a pino
Da inspecção do rosto o próprio olhar nos arde
Nesta orla costeira qual de nós foi um dia menino?

Há neste mundo seres para quem
a vida não contém contentamento
E a nação faz um apelo à mãe,
atenta a gravidade do momento

O meu país é o que o mar não quer
é o pescador cuspido à praia à luz
pois a areia cresceu e a gente em vão requer
curvada o que de fronte erguida já lhe pertencia

A minha terra é uma grande estrada
que põe a pedra entre o homem e a mulher
O homem vende a vida e verga sob a enxada
O meu país é o que o mar não quer


in “Boca Bilingue” (1966)