quarta-feira, 14 de julho de 2010

Gonçalo Byrne ou como Portugal vai ficando cada vez mais feio





O hotel Estoril-Sol com a sua pala de cimento, os seus vitrais assinados por Manuel Lapa, os vidros de Murano no acesso ao restaurante ou os azulejos de Fred Kradolfer, foram durante décadas admirados e reconhecidos como um imagem de marca do Estoril.Foi em 15 de Janeiro de 1965 que o hotel abriu as portas. À inauguração do edifício projectado pelo arquitecto Raul Tojal acorreu a alta sociedade de Cascais e do país. A construção do hotel havia sido assumida pelo empresário Teodoro dos Santos, como contrapartida pela concessão do casino.
O proprietário de uma loja de malas na Baixa lisboeta promoveu a construção de um hotel que acompanhava a tendência hoteleira da época. Como nota Ana Tostões, no Inquérito à Arquitectura do Século XX em Portugal: "Respondendo ao consumo de modelos e às exigências comerciais, sucedem-se empreendimentos (Hotel Ritz, Praia da Rocha, Estoril-Sol, Templários) balizados entre um estilo internacional, o modelo tipo "mediterrâneo", o brutalismo inglês e uma aproximação ao vernáculo local em hotéis e nos novíssimos programas designados por aldeamentos turísticos, caracterizados geralmente por uma escala muito diferenciada das dos aglomerados locais".



A Ordem dos Arquitectos, por ocasião da polémica em torno da anunciada demolição do Estoril-Sol, salientou que o velho edifício se tratava de "uma obra de autor e não de uma construção de pato-bravo".Gonçalo Byrne, autor do projecto que substituiu o hotel, também reconheceu que o edifício "marcou" a sua época, embora lhe aponte o efeito barreira em relação ao Parque Palmela.
É evidente que o efeito barreira com o novo emprrendimento não se coloca ao arquiteto Byrne, mas coloca-se à mesma para mim.

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