Andava a esfregar a imensidão do chão da sala que, ao mesmo tempo é enfermaria e capela,...pus-me a tentar decrifar para onde deveria ir.Sentia sempre algumas ruas simétricas de futura estrutura pombalina e compreendi que era por Lisboa que eu devia trocar Antuérpia...habitar a cidade de Lisboa numa pequena casa humilde a Ocidente da Porta de Santa Catarina...a Olissipo onde havia, afinal nomes extraordinários para as minhas gatas - Boa-Hora,Graça, Madragoa...
in:Na casa de Julho e Agosto
Maria Gabriela Llansol
Relógio d'Água
domingo, 27 de abril de 2008
quinta-feira, 24 de abril de 2008
25 de Abril
domingo, 20 de abril de 2008
Poesia de João Miguel Fernandes Jorge
A abstracção não precisa de mãe nem pai
nem tão pouco de tão tolo infante
mas o natal de minha mãe é ainda o meu natal
com restos de Beira Alta
ano após ano via surgir figura nova nesse
presépio de vaca burro banda de música
ribeiro com patos farrapos de algodão muito
musgo percorrido por ovelhas e pastores
multidão de gente judaizante estremenha pela
mão de meu pai descendo de montes contando
moedas azenhas movendo água levada pela estrela
de Belém
um galo bate as asas um frade está de acordo
com a nossa circuncisão galinhas debicam milho
de mistura com um porco a que minha avó juntava
sempre um gato para dar sorte era preto
assim íamos todos naquela figuração animada
até ao dia de Reis aí estão
um de joelhos outro em pé
e o rei preto vinha sentado no
camelo. Era o mais bonito.
depois eram filhoses o acordar de prenda no
sapato tudo tão real como o abrir das lojas no dia
de feira
e eu ia ao Sanguinhal visitar a minha prima que
tinha um cavalo debaixo do quarto
subindo de vales descendo de montes
acompanhando a banda do carvalhal com ferrinhos
e roucas trompas o meu Natal é ainda o Natal de
minha mãe com uns restos de canela e Beira Alta.
João Miguel Fernandes Jorge, Actus Tragicus
Lisboa, Editorial Presença, 1979
nem tão pouco de tão tolo infante
mas o natal de minha mãe é ainda o meu natal
com restos de Beira Alta
ano após ano via surgir figura nova nesse
presépio de vaca burro banda de música
ribeiro com patos farrapos de algodão muito
musgo percorrido por ovelhas e pastores
multidão de gente judaizante estremenha pela
mão de meu pai descendo de montes contando
moedas azenhas movendo água levada pela estrela
de Belém
um galo bate as asas um frade está de acordo
com a nossa circuncisão galinhas debicam milho
de mistura com um porco a que minha avó juntava
sempre um gato para dar sorte era preto
assim íamos todos naquela figuração animada
até ao dia de Reis aí estão
um de joelhos outro em pé
e o rei preto vinha sentado no
camelo. Era o mais bonito.
depois eram filhoses o acordar de prenda no
sapato tudo tão real como o abrir das lojas no dia
de feira
e eu ia ao Sanguinhal visitar a minha prima que
tinha um cavalo debaixo do quarto
subindo de vales descendo de montes
acompanhando a banda do carvalhal com ferrinhos
e roucas trompas o meu Natal é ainda o Natal de
minha mãe com uns restos de canela e Beira Alta.
João Miguel Fernandes Jorge, Actus Tragicus
Lisboa, Editorial Presença, 1979
.
sábado, 19 de abril de 2008
A leitaria de Maria Antonieta
O castelo de Rambouillet foi comprado em 1784 por Luís XVI,ao seu primo o duque de Penthiève,pois o rei adorava a caça e este local era ideal para o seu passatempo favorito. Para poder ter consigo a sua mulher em Rambouillet, o rei manda então construir, para agradar a Maria Antonieta uma quinta modelo e uma leitaria. Encarrega Jacques-Jean Thévenin de planear e construir uma leitaria (espaço para degustações) no parque da propriedade.
A construção do edifício foi mantida em segredo e só foi mostrado à rainha em 1787, quando ficou pronto. O edifício abriga no seu interior uma gruta artificial, de composição naturalista onde corria uma fonte que serve de cenário a uma estátua realizada em 1789 pelo escultor Pierre Julien (1731 - 1804):
“La Nymphe Amalthée et la chèvre ”.
Conta a lenda que Amalthée alimentou Zeus no seu seio.
Este escultor irá conceber nove esculturas de uma pureza e elegância que são uma referência da arte neo-clássica.
O edifício de um gosto neo-clássico, rompe com a tradição arquitectónica do Petit Trianon. Três degraus levam ao peristilo da porta de entrada ladeada com duas colunas toscanas encimada por um frontão redondo decorado com um medalhão em mármore, que representa uma vaca aleitando o seu bezerro. Este “gosto pelo campo” próprio da segunda metade do séc. XVIII, está associado ao ideal de retorno à natureza.
A primeira sala redonda coroada de uma cúpula de caixotões e rosáceas, rodeada por uma consola de mármore de Carrara.Ladeando a porta que dá acesso à gruta, existem dois nichos de parede onde se colocavam vasos (desconhece-se o seu paradeiro),com asas adornadas com cabeças de cabras, onde era guardado o leite fresco. Esta divisão servia também para degustar produtos lácteos.
A loiça de Sèvres, tijelas, potes, bacias, canecas e as famosas taças-seios, eram utilizados nas degustações, a par de um mobiliário feito de propósito para aquele local, em estilo etrusco, por Georges Jacob. Todos estes objectos desapareceram durante a francesa.
Na verdade Maria Antonieta pouco utilizará esta leitaria; a sua última passagem foi durante uma caçada em 1788. Ela considerava Rambouillet um "chiqueiro", e nem a construção do belo edifício a fez mudar de ideias..
Oficialmente Luis XVI será o proprietário de Rambouillet até 1791.
Napoleão redecora e transforma a leitaria, instalando uma grande mesa de mármore branco, ornamentada no seu centro com os seus símbolos imperiais. A Restauração substituirá esses símbolos imperiais por estrelas, que rodeam um círculo vermelho.
Na segunda divisão onde se encontra a gruta artificial e a estátua da ninfa e da cabra, estiveram na época dois grandes baixos relevos que ornamentavam as paredes laterais, sob o tema “Júpiter criança com os Coribantes" e "Apolo pastor guardando o rebanho de Admete":
Imagem de como seria a sala com os baixos relevos que foram retirados
Os baixos-relevos em mármore que adornavam a leitaria, desapareceram no século XIX. Considerados obras-primas do escultor Pierre Julien, estiveram desaparecidos entre 1819 e 2001.Quatro medalhões ornamentavam a primeira sala redonda, “La traite de la vache”,”Au barattage du lait”, “La tonte des moutons”e "La distribuiton du sel”,sobre a porta que dá para a divisão da gruta, um medalhão de 114cm, com o tema “Uma mãe aleitando o seu filho”.
Os baixos-relevos em mármore que adornavam a leitaria, desapareceram no século XIX. Considerados obras-primas do escultor Pierre Julien, estiveram desaparecidos entre 1819 e 2001.Quatro medalhões ornamentavam a primeira sala redonda, “La traite de la vache”,”Au barattage du lait”, “La tonte des moutons”e "La distribuiton du sel”,sobre a porta que dá para a divisão da gruta, um medalhão de 114cm, com o tema “Uma mãe aleitando o seu filho”.
Au Barratage du lait
L'enfant Jupiter chez les Corybantes
Os herdeiros do antiquário Daniel Wildenstein, descobriram-nos nos depósitos do seu pai, aquando da sua morte e optaram por uma doação. Actualmente estão nas reservas do museu do Louvre, sem que se tenha ainda decidido,se voltam a Rambouillet ou se permanecem no museu. Tal já tinha acontecido com “La Nymphe Amalthée et la chèvre ” que ficou 124 anos no Louvre antes de voltar ao seu local de origem - a gruta da Leitaria da Rainha.
domingo, 13 de abril de 2008
Abissologia - Coordoaria Nacional
quarta-feira, 9 de abril de 2008
Museu Nacional de Bellas Artes - Buenos Aires
Com uma importante colecção permanente de arte do século XIX e XX.
Alguns exemplos do que por este museu se pode admirar.
Frans Pourbus II, (O jovem), Princesa Margarida Gonzaga, séc.XVI
óleo, 96x72cm
Diego Rodríguez de Silva y VELÁZQUEZ, Infanta Margarida de Áustria, séc.XVII, óleo
Jan Anthonisz van RAVESTEY,Portrait d'hommme a la collerette, 1631
óleo,64,7 x 58cm
óleo,64,7 x 58cm
Pieter Paul RUBENS, Sagrada Família, 1630, óleo 36,5 x 31,8cm
Van der LANEN, JasperDiana y Ninfas de cacería o Diana y sus Ninfas de caza, século XVII
óleo,83 cm x 118 cm
Nicolás de LARGILLIÈRE,retrato da Senhora Largillière e do seu filho Nicolás, c.1712óleo, 89x116cm
Giovanni Battista TIEPOLO,Sacrifício de Melquisedec, óleo 91x67cm
Os hebreus recolhendo o maná do deserto (esboço), óleo,91x67cm
Francesco GUARDI, Gran canal e San Simeone Piccolo, séc XVIII, óleo, 41,5 x 55cm
Henry RAEBURN,O amo Cathart e o seu cão, séc.XVIII, óleo, 178 x 126
terça-feira, 8 de abril de 2008
O gosto "à grega"
O gosto “à Grega” Nascimento do Neoclassicismo em França, 1750-1775
Exposição na Fundação Calouste Gulbenkian
De 14/02/2008 a 04/05/2008 na Galeria de Exposições Temporárias
Em França, no período representado na exposição, todos os ramos da arte revelaram o predomínio do gosto "à la grecque". As obras expostas – esculturas, pinturas, porcelanas, peças de mobiliário e de ourivesaria – são um exemplo excelente desta nova gramática decorativa, cedidas maioritariamente pelo Museu do Louvre, a que se associam também peças provenientes do Património Nacional de Espanha e do próprio Museu Calouste Gulbenkian. Esta apresentação, anteriormente exposta no Palácio Real em Madrid, vem dar continuidade à exposição «Os Gregos Tesouros do Museu Benaki, Atenas».
Subscrever:
Mensagens (Atom)